LÍDER CAMPONÊS ADELINO RAMOS: Madeireiro que assassinou líder camponês em Rondônia vai a julgamento na próxima semana

Osias Vicente chegou a negar o assassinato, mas foi reconhecido por testemunhas. O acusado praticou o crime à luz do dia e “de cara limpa”, inclusive pela viúva de Adelino, facilitando sua identificação …

O juízo da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Velho marcou para o próximo dia 8 de dezembro o julgamento do madeireiro Osias Vicente, autor do assassinato do líder do Movimento Camponês de Corumbiara (MCC), Adelino Ramos, o Dinho do MCC. Osias foi indiciado dia 7 de junho pelo assassinato, dias após o crime ocorrido no distrito de Vista Alegre do Abunã.

Osias Vicente chegou a negar o assassinato, mas foi reconhecido por testemunhas. O acusado praticou o crime à luz do dia e “de cara limpa”, inclusive pela viúva de Adelino, facilitando sua identificação

 

Dinho foi morto com cinco tiros porque denunciou a extração ilegal de madeiras na região da Ponta do Abunã, onde ocorreu o crime. O líder camponês também era presidente da Associação Camponesa do Amazonas, onde também denunciava crimes ambientais por grupos e posseiros.

Osias Vicente chegou a negar o assassinato, mas foi reconhecido por testemunhas. O acusado praticou o crime à luz do dia e “de cara limpa”, inclusive pela viúva de Adelino, facilitando sua identificação. Pesa ainda contra Vicente várias denúncias de ameaça feita contra a vítima ante do assassinato.

O crime teve repercussão nacional, pois Adelino além de ser um líder que denunciava crimes ambientais e era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, na Fazenda Santa Elina, quando vários sem-terras foram mortos durante um confronto, há mais de 15 anos.

Veja o edital publicado hoje no Diário da Justiça de ROndônia:

2ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI
2º Cartório do Tribunal do Júri
Juiz de Direito: José Gonçalves da Silva Filho
Escrivã Judicial: Sandra Mª L. Cantanhêde de Vasconcellos
ENDEREÇO eletrônico: pvh2juri@tjro. jus. br
Processo: 0007479-27. 2011. 8. 22. 0501
Ação: Ação penal – crime doloso contra vida
Autor: Ministério Público do Estado de Rondônia
Réu: Osias Vicente
Advogado: Roberto Harlei Nobre de Souza (OAB/RO 1642) e Marcos Vilela de Carvalho (OAB/RO 084).
Finalidade: Intimar os advogados supracitados a comparecerem  à audiência de instrução e julgamento designada para o dia
08/12/2011, às 08h, no Plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri desta Comarca.

Porto Velho, 28 de novembro de 2011.

Sandra Maria Lima Cantanhêde de Vasconcellos – Escrivã Judicial.

Sandra Maria Lima Cantanhêde de Vasconcellos
Escrivã Judicial

 

História de líder camponês assassinado é relatada em livro “Dinho, Herói da Amazônia”, sobre Adelino Ramos é lançado no em Manaus  pelo autor José Barbosa de Carvalho

Adelino Ramos foi assassinado no final de maio, em Rondônia (Divulgação)
Seis meses após o assassinato de Adelino Ramos, o Dinho, um dos amigos mais próximos do líder camponês, José Barbosa de Carvalho, lança um livro que resgata o início da luta do fundador do Movimento Camponês.

Especialista em reforma agrária e assentamentos urbanos, o engenheiro agrônono José Barbosa de Carvalho reuniu dados sobre a trajetória de Adelino Ramos nos movimentos de reforma agrária e, ao mesmo tempo, procurou expor um relato sobre a luta dos pequenos produtores rurais, posseiros e colonos.

“Dinho, Herói da Amazônia”, publicado pela BK Editora, foi lançado no último dia 27, às 9h, auditório do Parque da Expoagro, avenida do Turismo.

“Dinho era um dos maiores líderes camponeses da Amazônia. Além de ser um verdadeiro líder, carismático, ele era respeitado por todos os seguidores, mas também era constantemente ameaçado. Dez meses antes do assassinato ele já vinha denunciando que estava sendo ameaçado de morte. Muitos diziam que ele teria apenas 30 dias vida”, conta Barbosa.
Relatório

Atuando há quase 30 anos em capacitação de agricultores, Barbosa começou a se envolver nas questões agrárias em 2002, quando conheceu Adelino Ramos. Ele lembra que participou junto com outros profissionais de quatro encontros do MCC de Rondônia, quando integrava a comissão de assuntos amazônicos e meio ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM).

Para produzir seu livro, Barbosa contou como principais subsídios os relatórios dos encontros de Corumbiara ocorrido nos anos 2000 e das jornadas camponesas.

“Foi ali o nosso primeiro contato. Fomos apresentados a mais de 300 agricultores. Quando o conheci ele já tinha uma longa jornada no movimento agrário”, lembra.

A partir de então, Barbosa nunca deixou de manter contato com Adelino Ramos e com outras lideranças e com os coordenadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Já no período em que Ramos começou a articular a regularização fundiária do Projeto de Assentamento Curuquetê, onde o líder camponês vivia, Barbosa conta que visitou inúmeras vezes o local.

“A última vez em que estive lá foi em janeiro deste ano. Mas a gente tinha bastante contato com o Dinho porque ele vinha muito a Manaus, onde estava sendo tocado um projeto junto à Sepror. Ele também vinha muito aqui porque precisava acompanhar o processo de regularização no assentamento no Ipaam e no Incra”, diz Barbosa.
Assassinato

Adelino Ramos foi assassinato no dia 28 de maio, no município de Vista Alegre de Abunã, em Rondônia. Ele morava no Projeto de Assentamento Florestal (PAF) Curuquetê, localizado na região do município de Lábrea, no Amazonas. No local, ele vivia com a esposa Eliana Ramos, com quem tinha dois filhos – ele também era pai de quatro filhos de casamento anterior.

Adelino Ramos era natural do Paraná, onde já lutava contra os latifundiários. Ao migrar para Rondônia, sua trajetória no movimento agrário começou a ter visibilidade.

“Com este livro queremos mostrar que as lutas do Dinho era justas. Ele não lutava apenas por terra, mas denunciava o desmatamento e a depredação ilegal. O Dinho estava no caminho certo. Ele defendia a reforma agrária para que fosse possível conseguir o desenvolvimento nacional”, comenta o autor.

Barbosa lamenta apenas que, passado o período de maior repercussão da morte do líder camponês, foram apenas os executores de Dinho. Os mandantes continuam livres. “Os mais fortes, os que estão por trás do assassinato, estão soltos, impunes. Como a maioria dos mandantes. E o clima de medo ainda continua por lá”, destaca.

Dinho se notabilizou não apenas por ser uma das principais lideranças do movimento agrário, mas ter sido um dos sobreviventes do “Massacre de Corumbiara”, no qual 16 pessoas morreram, em 1995, durante confronto com a Polícia. O nome refere-se ao município de Corumbiara, em Rondônia.

RONDONIADINAMICA.

Fonte/hojerondonia.com





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