COLUNA:Diário do Portal: Cortejo fúnebre

Cortejo fúnebre

Deverá ser quase um cortejo fúnebre o desfile de abertura da Exposição Agropecuária de Vilhena este ano. A participação de blocos e trios elétricos está vedada. Veículos estão proibidos de transportarem pessoas nas carrocerias, até porque a lei de trânsito não permite. Foram dezessete cláusulas previstas no Termo de Ajuste de Conduta proposto pelo Ministério Público. Porém, sequer dá para chamar de exagero do Ministério Público por medidas como essas. No máximo excesso de zelo. Nas edições anteriores o consumo de bebidas por menores foi exagerado, as obscenidades idem, as bebedeiras também. O resultado era adolescentes e crianças bêbadas e esparramadas pelo parque a fora ao final dos desfiles. O MP quer coibir isso e faz bem em encurtar a rédea da rapaziada.

Currículos

Apesar de um currículo bem mais recheado com um mandato de vereador, dois de deputado estadual e um de secretário de Estado, o advogado Nilton Schramm perdeu a queda de braço pelo comando do PSB em Vilhena para o professor Miguel Câmara, cujo currículo é modestíssimo. Câmara foi secretário de administração de Vilhena na atual gestão e sequer conseguiu levar a termo o último concurso público da prefeitura que foi anulado pela Justiça pelos motivos que todos já conhecem: suspeitas de fraudes e de favorecimento. Miguel Câmara (por enquanto) comanda o partido e deve levá-lo a apoiar o prefeito Rover.

Prestígio

Se quiser emplacar seu atual vice como seu sucessor o prefeito de Cerejeiras, Kleber Calisto (PMDB) terá que hipotecar todo o seu prestígio político. Dele e de seus aliados, como o ex-deputado estadual Ezequiel Neiva. O misto de comerciante e produtor rural Airton Gomes tem sido um nome forte e leve de se carregar. Nas sondagens extraoficiais ele aparece bem cotado para ser prefeito de Cerejeiras. Além dele, não deve surgir outro nome para concorrer com o vice-prefeito Pedrinho Taxista, o pupilo de Kleber, já que o petista padre Adão anunciou que está fora da disputa. Pedrinho agrega apoio do seu partido, o PMDB, de lideranças como o governador Confúcio Moura e senador Valdir Raupp. Mas, em apoio a Gomes tem gente graúda como o ex-governador Ivo Cassol. A disputa promete ser acalorada.

Outdoors

A manhã da última segunda-feira da semana passada em Vilhena além do prenúncio de uma semana fria amanheceu com painéis enfeitando alguns pontos da cidade. Nos painéis a propaganda apontando cinco deputados que teriam votado favorável à absolvição do ex-presidente da Assembleia Legislativa Valter Araújo. Cerca de um mês atrás um sindicato que defende servidores federais, na mesma proporção, acusava seis deputados federais de traírem os servidores por votarem contrários aos interesses da categoria envolvendo questões salariais. Os outdoors espalhados pela cidade quase ninguém viu, e quem viu nem bola deu.

Clima

Não fosse o clima que começa a esquentar em Vilhena onde a disputa pela prefeitura promete ser no fio da navalha, provavelmente os outdoors que acusam os deputados estaduais de votarem a favor do ex-presidente da ALE, sequer seriam notados. Não se trata nem de discutir de quem partiu a ideia de gastar recursos para esse fim. Como estratégia de minar o adversário, entretanto, o resultado é pífio. O eleitor sabe bem separar esse tipo de propaganda em qualquer tempo. Em período eleitoral, então, muito mais.  Todos sabem que quem está por trás disso quer denegrir a imagem do deputado que anunciou ser candidato a prefeito de Vilhena. A suspeita recai sobre seus concorrentes mais próximos. É de se perguntar se caso o deputado Luizinho não declarasse ser pré-candidato a prefeito a propaganda viria à tona. O eleitor sabe que não viria, porque quem mandou fazer certamente iria querer o seu apoio e nesse caso sempre é melhor preservar o aliado.

Tiro pela Culatra

Esse é o tipo de tiro que invariavelmente sai pela culatra e o caluniado assume condição de vítima. Para quem declaradamente não é eleitor do deputado não faz a menor diferença ele ter votado a favor ou contra. Mas para quem está indeciso pode soar como uma busca desesperada pelo poder ou a manutenção dele, e o eleitor não tá nada a fim de ser paciente ou subserviente desse vale tudo. O que ele quer mesmo é um projeto para a sua cidade. Cassação ou absolvição de deputado é assunto para o parlamento. O eleitor faz ouvir sua voz nas urnas. E se no parlamento não houvesse a favor e contra melhor seria que ele não existisse como instituição. Também é assim no Judiciário. Tome se o exemplo do projeto Ficha Limpa, cuja constitucionalidade foi decidida por sete votos a favor e quatro contrários. Insistir nisso como propaganda eleitoreira é subestimar a capacidade de discernimento do eleitor.

Projeto

As eleições municipais estão aí e urge uma discussão em torno de qual projeto é melhor para Vilhena. E ponto. O que deve emergir nos debates são as propostas infraestruturais para uma cidade cuja arrecadação municipal é uma das maiores do Estado, mas que tem carência de infraestrutura urbana e rural tem problema de desemprego e de acessibilidade social. É claro que a equação para estas e outras questões só serão superadas quando consorciadas e corresponsabilizadas com os governos estadual e federal, porém, é preciso identificar onde o pêndulo da balança é maior ou menor.

Factoide

Pior do que cometer uma lambança criando um factoide tendo por base a enganação, é depois ter que retirar a propaganda maliciosa e desonesta por determinação da Justiça, como ocorreu. São as cabeças coroadas dos marqueteiros que darão o tom da propaganda eleitoral este ano.

Sorriso do lagarto

Foi impossível não perceber um sorrisinho irônico destilado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) ao ouvir o discurso do ministro Carlos Ayres Brito na posse como presidente do Supremo Tribunal Federal em abril passado. Principalmente quando Brito destacou a defesa dos princípios constitucionais. Nesses tempos de caças as bruxas decisões de algumas cortes tem privilegiado o clamor popular em detrimento de direitos constitucionais.

POR: VITOR PANIAGUA.

REDAÇÃO/HOJERONDONIA.





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